Podem me chamar de louca, antipatriota ou me adjetivar ao seu modo discordante. Mas sinceramente nunca vi a Copa do Mundo como um acontecimento que mereça tanta paralisação. Minha gente, por favor! Um evento esportivo capaz de modificar a rotina do Mundo, os horários de trabalho. Certo que a economia e o turismo ganham muito com o feito, e tals, mas vejam um exemplo que me deixou absorta: um conhecido meu, juiz de Direito, pediu a tabela dos jogos à secretária dele para saber se deveria ou não marcar uma importante audiência – pelo menos para o pobre cidadão que esperava há meses a solução para sua causa. Absurdo! Mil vezes absurdo! Por que, então, o mundo não parou os trabalhos para assistir ao 11 de setembro? Ou por que não será decretado feriado mundial no dia do julgamento de Suzane von Richthofen?
E tem mais: cogita-se que o salário da apresentadora Adriane Galisteu é de R$ 500 mil, vale duas Ana Paula Padrão. O gordo salário da apresentadora global Angélica, parece-me, passa dos R$ 350 mil. A top Ana Hickmann ganha R$ 5 milhões por ano. Pff! Diferenças revoltantes, pois Deus sabe o quanto a jornalista trabalhou seus neurônios e as madrugadas que teve de abandonar o sono para informar com responsabilidade. Pior que isso? Um salário de um jogador de futebol. PQP! Já trabalhei 40 horas seguidas para cumprir minhas pautas em três estágios. Não queiram saber o quanto ganhei – vergonhoso, e infinitamente desproporcional às horinhas de treino e remuneração do jogador Ronaldo. E nada de zombarias do tipo “Ah, não queira se equiparar a um fenômeno”. Igualo-me, sim. Não vejo distinções profissionais. Todos têm sua função social.
Tenho uma professora doutoranda. Não tem ninguém próximo a mim que estude mais do que ela! Caso isolado ou não, seu salário não passa dos R$ 5 mil, e em dois empregos. Já o craque Ronaldinho Gaúcho, o mais valioso no mercado do futebol, tem um passe de R$ 133 milhões. Ronaldinho também encabeça a lista dos jogadores que mais faturam durante o ano. Ao todo, o brasileiro soma nada menos que 23 milhões de euros. Desculpem, mas não consigo achar isso normal. Acredito que o conhecimento é muito, mas muito mais importante que o dinheiro, mas não consigo entender o porquê da disparidade salarial entre os que superam os limites do corpo e os que superam os limites da mente!
Taí, mas até que alguém do meio falou algo sensato a respeito disso tudo: “Futebol é o esporte coletivo mais individual que existe” - Juninho Pernambucano.
Myllena Valença
*Publicada originalmente em www.mimeographo.blogspot.com, em junho de 2006
sexta-feira, 4 de maio de 2007
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