segunda-feira, 30 de abril de 2007

Saindo de cena

Depois de alguns anos de exibições, certos programas de TV que conquistaram um público fiel acabaram por sair do ar. Mas não pelo fracasso. Não. Havia uma outra estratégia. A supercomédia dominical “Sai de Baixo”, por exemplo, preferiu finalizar suas apresentações na Rede Globo em fase de apogeu antes que seu estoque de piadas acabasse. Melhor deixar saudades nos telespectadores antes de cair no lugar-comum. A ex-modelo Luiza Brunet também abraçou o macete e confirmou, por diversas vezes, em entrevistas, ter deixado a carreira antes que viesse a desaparecer por completo da lista das mais belas tops, ou seja, quando as celulites invadissem suas pernas.



Por que, após algumas exibições na vida de certas pessoas, não resolvemos fazer o mesmo? Sumir desses amores que chegam descarados, ofuscando o brilho de outros pequenos amores ou nos mostrando como tudo era sem graça antes deles aparecerem. Queria aprender a sacada: deixar os homens louquinhos por mim e puff: desaparecer de suas vidas, até, um dia, quem sabe, resolver fazer alguns flash-backs - só para eles relembrarem o quanto faço falta, como tudo é sem graça quando não estou por perto. Mas a tarefa não é fácil. E é sempre assim: tudo parece perfeito e forças superiores me levam a querer aproveitar cada segundo.




Quando eu tinha uns 10 anos, os patins também deram um bom exemplo dessa mania feia de se desgastar na hora mais errada, deixando um grande abismo no meu círculo de felicidade. Tudo passou a não ter mais graça quando as rodinhas quebraram. Aí, não pude mais desfrutar deles. Se tivesse sido mais sensata, precavida, teria me apegado a um outro brinquedo e, quando os patins resolvessem se esquivar, eu não ficaria na pior.




Conheci um amor. Aparentemente, o ideal. Sabe que estremecia só de imaginar o quanto o Mundo ficaria nebuloso sem a presença dele? Papos, gostos, cheiros, risos e até as suas aflições... Queria ter juntado tudo. Fabricado um grande entrelaçado e perpetuá-lo. Ou melhor: eu deveria mesmo é ter fugido dele! No entanto, de teimosa, optei por reconstruir o tempo que perdera enquanto estive longe desse amor. Menina tola, menina tola... Idas e voltas (incontáveis idas e voltas) e tudo acabou se desgastando por completo. Perdi uma coisa que me era essencial. E essa falta ainda me assusta, porque o fato ter fazia de mim uma pessoa encontrável por mim mesma, sem ao menos precisar me procurar.




Por que não sai de cena antes? Da próxima, eu acerto! Quem sabe não consigo, enfim, provocar minha saída triunfal!

Myllena Valença



4 comentários:

Anônimo disse...

LEGAL!

Anônimo disse...

Ei primaa.......tais se saindo melhor que a encomenda viss.....hehhee...
amei teus cacoetes......hehe
PaRaBéNs Myllaa.....tu merece.........ser reconhecidaa viss.....primuxa lindaaaa!!!!
Xerooo...
DeNi****

Anônimo disse...

OI MILENA,

Estava lendo seu texto, e achei muito sensato.É difícil o ser humano ter essa conciência e saber quando realmente deve sair de cena.Muitas vezes até sabemos, porém ficamos aprisionados a diversos sentimentos, que se torna mais forte do que nossa própria vontade.

beijos JANAINA JOICE

Patrícia Queiroz disse...

De uma profundeza inigualável, adorei!!!! Essa minha prima é meu orgulho!!!Adoro-te!!!!!!Beijo